Carreira, fatores higiênicos e de motivadores, equipes, plano de previdência, sofá confortável, máquina de café. Tudo afeta nossa decisão de permanecer ou deixar uma empresa

Trabalhar para a empresa Unilever ou Procter & Gamble faz uma enorme diferença, mesmo sendo empresas do mesmo segmento. Podem ser consideradas agressivas em suas políticas de bônus ou os objetivos e metas extremamente desafiadoras, mas há um elemento que acima de tudo, define nossa estadia mais longa ou mais curta em uma ou outra organização: as equipes.

 

Equipes são formadas por pessoas e isso não é novidade. Sempre brinco que, sob um CNPJ, não escolho com quem trabalhar. Simplesmente trabalho com as pessoas que fazem parte daquela corporação. Seja a equipe de Finanças, Produção ou a Diretoria, vou tocando as ações para que minhas tarefas sejam cumpridas.

 

Com dezenas de anos de estudos da psicologia organizacional, sabemos que não é tão simples assim. Comportamentos diferentes, fazes difíceis afetam as pessoas, negativa e positivamente. Sem falar, quando o “santo não bate com o fulano do Fiscal”!

 

Por isso conviver é algo tão complexo! Existem fórmulas para o sucesso, que dizem para desenvolvermos nossa inteligência emocional, aceitar as diferenças, evitar discussões, focar nas soluções e tantas outras mais. São bons direcionadores para a busca da paz corporativas, mas sabemos que não é suficiente. Justamente pelo fato de estarmos com pessoas que “não escolhemos” estar.

 

A empresa como um todo tem dezenas, centenas, milhares de pessoas que precisam trabalhar para encontrar seu propósito e pagar seus boletos. Dois objetivos bem antagônicos, mas no meio do caminho há pessoas difíceis e pessoas afins. E nós, como sensitivos que somos, sabemos como identificar quem tem boas ou má intenções, quem pode nos ajudar com uma tarefa ou um trabalho urgente, enfim em quem podemos CONFIAR.

 

Confiar sempre foi fundamental para a existência humana! Foi a capacidade de distinguir em quem confiar, para casar e ter um filho, por exemplo, que nos guia para o sucesso ou fracasso! E usamos esse instinto e observação empírica no trabalho, mas criarmos “nossas” equipes.

 

Quando chegamos ao primeiro dia de um novo emprego, biologicamente mapeamos o local. Isso é nosso, é primordial para identificar possíveis perigos. Muitas vezes já identificamos o “fofoqueiro”, a puxa-saco, o almofadinha etc. Rotulamos inconscientemente. Parte da dificuldade das políticas e programas de Diversidade, vem dessa vocação natural para julgarmos; mas esse tema vale um post inteiro.

 

Dessa forma, as equipes “de verdade” são as formadas por AFINIDADE, que geram confiança mútua e laço de segurança entre os membros, que são “escolhidos” naturalmente no dia a dia do trabalho. Isso explica porque pessoas também são expulsas naturalmente de um ambiente de trabalho, pois ela não se encaixa nas definições daquele grupo, seja fazer fofoca do chefe, comer em bons restaurantes no almoço etc.

Sabe o que é mais interessante nas empresas? Elas não entenderem o poder dessas equipes! Não das equipes impostas por um projeto ou departamento, mas as equipes afins. E deixam a cargo do RH contratar as pessoas que mais se alinham à cultura da organização. E quando falamos em cultura temos 3 elementos, importantes, mas que que não definem uma equipe afim:

 
  • A cultura explica quem é você no trabalho: se você trabalha na Mormaii ou na Deloytte, diz muito sobre quem é você, não acha?

  • A cultura está ligada ao sucesso e, se uma empresa como a Tesla tem sucesso, eu tenho status em trabalhar nela;

  • E por último, a cultura virou sinônimo do rumo que queremos dar às empresas, ou seja, os líderes tiveram que assumir este papel e dizer, se somos esses colaboradores que vão seguir o rumo definido pela cultura da empresa.

O que importa nessa vida é quem se importa com a gente – Autor desconhecido

Então, nos importamos com as equipes e, muitas vezes “suportamos” um trabalho chato ou pouco desafiados, por questões de higiene, não motivadoras: como salário, segurança, status; mas o que nos faz sentir bem é sermos aceitos e termos relações de confiança no trabalho, com as pessoas mais próximas que nos relacionamos na organização.

Certamente tem gente que valoriza mais a segurança e suporta situações que outros não aceitariam e, neste sentido o mundo realmente já mudou. As novas gerações aceitam menos situações que não concordam. Mas, no final, todos queremos conviver com pessoas que se importam conosco.

 

Apenas para não esquecer – 9 mitos:

1) As pessoas se importam para a empresa para qual trabalham

2) O melhor plano sempre vence

3) As melhores empresas estabelecem metas em cascata

4) Os funcionários mais completos são os melhores

5) As pessoas precisam de feedback

6) As pessoas são boas em avaliar as outras

7) As pessoas têm potencial

8) O equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é fundamental

9) Existe uma coisa chamada “liderança”

 

Adaptado de M. Buckingham e A. Goodall, Nove Mitos sobre o Trabalho, Ed. Sextante, 2021.